Cinco problemas de saúde mental que podem ser tratados com EMDR

11 de agosto de 2022

Psicoterapias convencionais podem ser benéficas para superar traumas e outros problemas de saúde mental, mas podem trazer à tona emoções desconfortáveis e levar muito tempo para que clientes vejam os resultados. E se houvesse uma opção terapêutica que funcionasse mais rapidamente, sem os desafios emocionais? Essa opção existe, e é chamada de terapia de dessensibilização e reprocessamento por meio de movimentos oculares (EMDR). Desenvolvida no final dos anos 80 e agora amplamente adotada por profissionais de saúde mental, a Terapia EMDR demonstrou tratar de vários transtornos, principalmente associados a trauma, eventos adversos de infância , transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) , entre outros. Estudos indicam que nesses casos o EMDR pode ser mais eficaz do que terapias tradicionais.

O processo envolve um terapeuta treinado em EMDR acompanhando um paciente por meio de uma série de movimentos oculares bilaterais (de um lado para outro do campo visual do paciente), à medida que recordam experiências traumáticas ou desencadeantes em pequenos segmentos, até que as memórias dolorosas não ativem mais sofrimento. O EMDR reduz essencialmente os sintomas de trauma, alterando a forma como as memórias são armazenadas em nossos cérebros. Além disso, estudos de caso e pesquisas preliminares indicam que a terapia EMDR pode ser útil para aliviar uma série de transtornos de saúde mental relacionados a trauma. Aqui está o que você precisa saber sobre esse tratamento psicoterapêutico relativamente novo e em quais perturbações ele pode ajudar.

AS ORIGENS DO EMDR

O EMDR foi desenvolvido por uma psicóloga chamada Francine Shapiro no final dos anos 80 nos EUA. Ela realizou um estudo com 22 pacientes que haviam sofrido algum tipo de trauma. Depois de passar por uma sessão inicial de terapia EMDR, além de acompanhamentos depois de 1 e 3 meses, o estudo mostrou que o EMDR “dessensibilizou” com sucesso as memórias traumáticas dos pacientes e “alterou drasticamente sua compreensão cognitiva” da situação. Além disso, eles experimentaram mudanças comportamentais, que incluíram a libertação de suas queixas primárias de pensamentos intrusivos, recordações involuntárias (flashbacks), problemas com sono, baixa autoestima e problemas de relacionamento. As descobertas impactantes foram publicadas em 1989 no Journal of Traumatic Stress.

COMO O EMDR REDUZ O TRAUMA

Um evento traumático ou uma série de eventos adversos desencadeia a resposta ao estresse de luta ou fuga do corpo, que foi concebida para aumentar nossas chances de sobrevivência. No entanto, com o trauma, o cérebro não processa o(s) evento(s) adequadamente e não consegue arquivar a memória como um evento passado. A resposta ao estresse permanece ativa e o cérebro permanece alerta ao perigo, mesmo quando a pessoa retorna a um estado de segurança. Imagens, sons ou cheiros vinculam-se à memória do trauma e podem se tornar gatilhos, ou seja, reativam involuntariamente essas recordações perturbadoras, fazendo com que impressões vividas passado por vezes sejam revividas no presente.

A terapia EMDR ajuda nosso cérebro a processar a memória traumática que guarda a resposta ao estresse e aos gatilhos associados a ela e permite que a cura natural ocorra. A resposta de luta ou fuga é essencialmente desativada, mas a memória é mantida. A memória do trauma parece ser reconsolidada de tal forma que não causa mais sofrimento agudo, quando relembrada posteriormente. Quando os sintomas de TEPT são resolvidos ou diminuídos, outros sintomas também são atenuados ou extintos.

 

CINCO TRANSTORNOS DE SAÚDE MENTAL QUE PODEM SE BENEFICIAR DO EMDR:

 

1. TEPT

Existem várias formas de trauma: trauma não físico (emocional), eventos adversos ocorridos na infância e transtorno de estresse pós-traumático. Todos eles afetam o sistema nervoso e o armazenamento de memórias traumáticas de maneira semelhante.

O TEPT é o transtorno número 1 para o qual o EMDR foi desenvolvido. Como tal, há uma riqueza de pesquisas corroborando sua eficácia.

Por exemplo, uma revisão de 2018 do EMDR usada para resolver quadros de TEPT examinou um total de 2 meta-análises e 4 ensaios clínicos randomizados. A revisão concluiu que a terapia EMDR mostrou reduçã0 no diagnóstico de TEPT e seus sintomas. Também ajudou a reduzir outros sintomas relacionados ao trauma. Além disso, os estudos revisados indicaram que a terapia EMDR mostrou-se mais eficaz do que outros tratamentos de trauma.

Uma revisão anterior de 2014 de 24 estudos controlados randomizados sugeriu benefícios da terapia EMDR para trauma emocional e eventos adversos da vida. Em alguns dos estudos revisados, 84% a 90% das pessoas que sofreram um trauma único encontraram alívio dos sintomas de TEPT após apenas 3 sessões de EMDR.

Um estudo da Kaiser Permanente envolvendo 67 indivíduos com trauma designou participantes para tratamento convencional de terapia verbal ou para terapia EMDR. Comparado ao tratamento convencional, o grupo EMDR mostrou melhora significativamente maior nas medidas de ansiedade, depressão e TEPT. Acompanhamento posterior mostrou que as melhorias foram mantidas em 3 e 6 meses após a intervenção.

A Associação Psiquiátrica Americana e o Departamento de Assuntos dos Veteranos dos EUA reconhecem a terapia EMDR como um tratamento eficaz para o TEPT.

2. Depressão

Como o EMDR provou reduzir a ruminação em pacientes com luto traumático, os pesquisadores agora o estão explorando como uma terapia para ajudar pacientes que sofrem de transtorno depressivo maior . Até agora, a pesquisa tem se mostrado promissora. A revisão de 2013 encontrou evidências de que o EMDR pode oferecer uma nova abordagem potencial para o tratamento da depressão, mas sugeriu que são necessários mais estudos baseados em evidências para serem conclusivos.

Mais recentemente, uma pesquisa publicada em 2018 examinou oito indivíduos com depressão submetidos ao EMDR. Das oito pessoas envolvidas com o tratamento, sete delas mostraram melhora “clinicamente significativa e estatisticamente confiável” na Escala de Hamilton para depressão. Os pesquisadores concluíram que o EMDR é um tratamento viável para a depressão recorrente e crônica.

Uma meta-análise de 11 estudos de 2021 foi ainda mais longe, alegando que “EMDR pode ser considerado um tratamento eficaz para melhorar os sintomas da depressão, com efeitos comparáveis a outros tratamentos ativos”. No entanto, recomendou mais estudos sobre os efeitos a longo prazo do EMDR.

3. Transtornos Alimentares

Transtornos alimentares têm se mostrado difíceis de tratar com métodos convencionais. Especialistas em saúde mental agora exploram o EMDR como uma forma de ajudar, já que os transtornos alimentares geralmente são uma resposta inadequada a experiências traumáticas. Em um estudo de caso clínico, a terapia EMDR desempenhou papel crítico na recuperação de anorexia nervosa persistente em uma paciente internada de 17 anos, ajudando-a a retornar ao peso normal, que foi mantido aos 12 e 24 meses após o tratamento.

Outro relato de caso que examinou EMDR e alimentação emocional descobriu que o participante experimentou uma mudança geral positiva no comportamento alimentar. Ele também afirmou que o EMDR pode ajudar a reduzir o peso ao longo do tempo e melhorar os resultados na manutenção do peso após a perda de peso . Uma revisão de 2017 publicada no Clinical Neuropsychiatry: Journal of Treatment Evaluation, concluiu que o EMDR é promissor no tratamento de transtornos alimentares, mas recomendou mais pesquisas científicas para confirmar a eficácia.

4. Abuso de Substâncias

Semelhante aos distúrbios alimentares, os problemas de abuso de substâncias são frequentemente associados a traumas e a TEPT. A pesquisa com o emprego do EMDR para tratar trauma e abuso de substâncias indica resultados positivos, embora sejam necessárias mais investigações.

Um estudo de caso acompanhou 4 indivíduos que sofriam de problemas de TEPT e abuso de substâncias que foram submetidos à terapia EMDR. Os resultados sugerem que o tratamento do TEPT com o protocolo EMDR padrão “pode ter um efeito positivo nos sintomas do transtorno de abuso de substâncias até pelo menos 12 meses após o tratamento”.

5. Problemas Psiquiátricos

Em um estudo intitulado “EMDR: Beyond PTSD”, pesquisadores afirmam que evidências sólidas mostram que eventos traumáticos podem contribuir para o aparecimento de transtornos psiquiátricos e piorar seu prognóstico. Os pesquisadores procuraram descobrir se o EMDR poderia ajudar em comorbidades psiquiátricas ao trauma, incluindo transtorno bipolar, depressão unipolar, transtornos de ansiedade, transtornos por uso de substâncias e dor lombar crônica.

A revisão concluiu que as evidências disponíveis mostram que a terapia EMDR melhora os sintomas associados ao trauma em pacientes com comorbidades psiquiátricas. Além disso, sugeriu que a terapia EMDR poderia ser útil para melhorar os sintomas de pacientes com quadros psicóticos ou transtornos de humor, além de ajudar em transtornos associados a dor crônica.

 

Clique AQUI para encontrar um terapeuta de EMDR perto de você.

Clique AQUI para obter mais informações sobre o Curso de EMDR para terapeutas e médicos.

 

Fale com a nossa equipe:

Zap: 61 99182-6067

Email: contato@espacodamente.com

`

Artigo traduzido do site www.amenclinics.com